Adorei esse texto, pura realidade !
Aceitar
um fim é aceitar um novo começo. Continuar numa relação onde as pessoas
não mais se relacionam faz tanto sentido quanto ir patinar porque está
com fome. Você perde tempo, pessoas, vida. Você ganha arranhões que
poderiam ter sido evitados, ganha mágoas de alguém que poderia ter sido
sempre especial e só. Ninguém disse que iria ser fácil, ninguém disse
que não iria doer. O costume grita e você
pensa que é o amor ainda vivo em algum canto. Grande engano, grande
perigo. Até que o costume mude de figura, tudo é vazio, lembrança,
saudade. Mesmo depois do fim, mesmo sem amor. É o velho
vício de mexer na ferida, sentir fisgada só pra não ficar sem sentir
nada. E você ouve muitas fórmulas pra fazer tudo isso passar mais
rápido, muito atalho tentando driblar o tempo. Não vou dizer que nenhum
funciona, assim como não digo que algum funcione a longo prazo ou
definitivamente. Não importa quantos corpos você tenha no verão, no
inverno você sente falta da história, da alma, das manias. E não tem fórmula mágica pra isso. Agora, se acabou, com
certeza teve um bom motivo, já deixou de ser bonito como nas lembranças
preferidas, por mais difícil que seja lembrar dos fatos por esse ângulo.
E pro costume tomar uma nova forma, você tem que usar novos moldes, sem
recaídas, sem se fechar pro mundo. Você vai tentar substituir ele por
outro, assim, como quem muda de manteiga no café da manhã. E pode dar
muito certo por uns meses, depois o novo cara é só mais um anexo no
arquivo, de algum modo estranho. Tantas promessas de tudo ser diferente e no fim tudo sempre tão
igual. E o vazio só aumenta, uma bola de neve. Até o dia que você
acordar de manhã, se olhar no espelho e entender que ali tem alguém
inteiro e com tudo que você precisa pra ser feliz. E esse dia, anota aí,
vale mais que anos. Não se cura um amor com um novo amor. Se cura com
amor-próprio.
-Marcella Fernanda
-Marcella Fernanda
Adorei esse texto, fato !